Eu vou cortar-te um braço
E tentar fingir que me esqueço
De vê-lo tão virado do avesso
Como se fosse nó de laço.
Eu vou tirar-te um rim
E filtrar por ele toda a prosa
Negro plúmbeo em vã glosa
Disparada pelo teu cetim.
Eu vou trincar-te a língua
Tão bífida, essa velha amiga
Livrá-la da retorcida intriga
Que rendilhava sempre ambígua.
Eu vou vazar-te a vista
Pintar nela o quadro escuro
Onde sepultavas o meu muro
Para a tua próxima conquista.
Eu vou cravar-te o coração
Espojá-lo do seu jardim secreto
Que em tempos contemplei de tão perto
Ditarei o fim à tua admiração.
E então serás perfeita
Qual boneca de porcelana
Em estado pleno de nirvana
Uma sebe desfeita.
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