sábado, outubro 29, 2011

Papel de prata

Exausto, o fim do dia chegou até mim e enrolámo-nos numa interminável noite de carícias.
Ela era o meu fim.
Estes eram os nossos dias.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Húmida terra

Sou um estado qualquer numa coisa vazia
Um mundo que desaparece
No ressuscitar do dia.
A nuvem nem me cumprimenta, arrepia
Caminho a direito sem S
Para onde eu não ia.
Fecho os meus olhos e vejo quem tanto erra
Na civilização, na montanha
No fogo da chama.
Sei tudo agora tão bem sob a húmida terra
Que a minha mão não apanha
No calor da cama.
E o cheiro é tão intenso neste doce relvado
Onde o sal não decora o chão
Para estar tudo na mesma.
E o murmúrio do coração aos céus é levado
E a chuva desce trazida pela mão;
Lá cai nova resma!
Magoei alguns por certo, entre as presentes dores
Pois que prossigam tontos a rir
Que vos seja habitual.
Agradeço as vossas lágrimas, obrigado por tantas flores
Souberam-me bem, mas vou dormir
Neste meu funeral.

terça-feira, outubro 04, 2011

Sorriso de Criança

No relento da noite

Somos o momento do dia

A lua que sorria sem saber

O tamanho do açoite.


 

E quantos olhos se quebram

À mão da dura epifania

Que batia e batia por querer

Impor leis talhadas em pedra.

    

Mas os vidros aqui são em dobro

E isso é-nos tão grande garantia

Que na casa pia ao lado se podem ter

As notícias dum papel salobro.


 

No silêncio das estrelas

Sofremos de crónica paralisia

Pelo que ria uma criança agora a morrer

Quando podíamos nós sê-las.